as pastilhas portuguesas que decoravam o prédio à frente
ganhavam um sentido original, àquela manhã.
o marrom dos troncos das árvores embrenhavam-se no alto
misturando-se com o verde das folhas.
as pétalas das flores estavam ali, estiradas no chão,
dando um colorido ao asfalto da rua.
foi aí que ela entrou no campo de visão.
uma senhora gorda, muito gorda.
ela caminhava. ou melhor, se arrastava.
ela ia indo, morosa, demorosa, quase parando.
cada passo ela esquecia que a vida estava ali
ao lado dela...
cada passo ela engolia o espaço
com seu pesado aglutinado de gordura...
eis que ela para. se abaixa.
um saco de lixo, dos grandes,
um pouco maior que sua barriga.
ela o abre. e como que fazendo gordice,
vorazmente o fuça, o mexe e o remexe.
estragou o dia...
Um comentário:
Gostei deste poema, me lembrou Artur Rimbaud vc já leu?
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